5 de abril de 2016

Humanidades Médicas: teoria e prática

Uma das principais linhas editoriais da Luminara é a de Humanidades Médicas. Na origem dessa área está a percepção de que o bom exercício da Medicina não depende apenas do conhecimento biológico do homem, mas também da sensibilidade do profissional médico à condição humana. Nas últimas décadas, observam-se, no Brasil e no restante do mundo, debates que preconizam a reinserção de disciplinas humanísticas no currículo das Ciências Médicas, tendo em vista o reconhecimento da importância da relação médico-paciente em seus aspectos sociais e culturais, para além do mero diagnóstico e prescrição de tratamentos. Para o aluno e o profissional da área da saúde, trata-se de adquirir habilidades sensíveis, importantes para a prática da escuta e do acolhimento do paciente. Nas palavras de nossa editora e diretora, Betina Mariante Cardoso: “o objetivo das Humanidades Médicas é sistematizar o desenvolvimento de competências culturais e sociais em Medicina, com o propósito de contribuir tanto para o crescimento individual do médico e do paciente, quanto para a relação entre eles; a qual, por sua vez, tem um importante efeito na função social da Medicina”. 

O interesse em publicar textos em Humanidades Médicas foi um dos motivadores da Luminara Editorial, pois é a área de pesquisa pessoal e acadêmica de Betina Mariante Cardoso desde 2003, com interesse especial pelas investigações desenvolvidas no Programa de Medicina Narrativa da Universidade de Columbia (NY). Betina também é membro da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA), compondo o setor de Literatura e Psiquiatria desde 2009. Em sua trajetória de pesquisa, destacamos a participação no Congresso Mundial de Psiquiatria em 2011, quando apresentou a palestra “Borges e o Estetoscópio”, em que propõe um modelo de aula em Psiquiatria a partir de trechos de conto do autor argentino. 

Em 2016, Betina assumiu a coordenação da Comissão de Cultura da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS) - também composta por Léa Masina e Clotilde Favalli – a convite da nova gestão da APRS, presidida pelo Dr. Flavio Shansis. No último sábado, 2 de abril, a Comissão apresentou as propostas que deverão ser desenvolvidas durante os próximos três anos, na interface entre Cultura e Psiquiatria, com ênfase nas Humanidades Médicas e na Medicina Narrativa. Os seus objetivos primordiais são estudar, divulgar e preconizar os benefícios que podem ser obtidos por médicos, pacientes, alunos de Medicina e Residentes de Psiquiatria graças a essa interface. 

Para a Luminara Editorial, essa notícia é muito mais que um acréscimo de responsabilidades de nossa diretora: é uma oportunidade de acentuar, por intermédio dela, as relações entre a pesquisa, a teoria e a prática das Humanidades Médicas. Agora soma-se às práticas editorial e médica, o trabalho de formulação e implementação de projetos em uma Comissão preocupada diretamente com o papel das humanidades na Medicina Psiquiátrica.

Que seja um lindo triênio!


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