A Luminara Editorial possui uma linha de publicação destinada ao pensamento teórico e crítico sobre literatura brasileira contemporânea. Trata-se da Série Limiar que, sob a coordenação do professor Ricardo Barberena (PUCRS), busca colocar em pauta os embates identitários e sociopolíticos, assim como as reconfigurações espaciais, sensíveis e semânticas do tempo presente em suas manifestações na literatura de nosso país.
É tempo de repensar a velha noção de fronteira como um limite estático associado à concepção moderna de Estado-Nação e, portanto, de literatura nacional. É tempo de repensar as categorias tradicionais do cânone literário e abrir novas perspectivas epistemológicas, capazes de dar conta do jogo de fluidez-rigidez que determinam a mobilidade, a visibilidade e a circulação de sujeitos e obras no cenário contemporâneo. Nesse sentido, a pesquisa literária da Limiar quer e precisa pensar junto com outras áreas do conhecimento, como a sociologia, a antropologia, os estudos de gênero, a história, a teoria da arte, dando conta de que o debate crítico problematiza também as fronteiras do pensamento acadêmico-científico.
O primeiro livro da série - “Das luzes às soleiras - perspectivas críticas na literatura brasileira contemporânea” - foi lançado em 2015 e teve como organizadores o Prof. Ricardo Barberena e o Prof. Vinícius Carneiro. A obra é composta por quinze ensaios de renomados especialistas, nacionais e internacionais, os quais nos levam por diferentes reflexões sobre a passagem das luzes da modernidade às soleiras da contemporaneidade, tempo em que os limites estáticos são postos em cheque pela maleabilidade e indefinição das fronteiras e limiares. Nas palavras de João Gilberto Noll, que assina a orelha do livro, “É da força que pode advir nesse universo ficcional que surge a sua função política, não um regramento salvacionista, as microexplosões balsâmicas que afastam o leitor do conformismo, abrindo-lhe de surpresa um limiar”.
Em Março deste ano, lançamos “Do Trauma à trama: o espaço urbano na literatura brasileira contemporânea”, organizado pelo Prof. Ricardo Barberena e pela Prof.ª Regina Dalcastagnè. Neste segundo livro da Limiar, o fio condutor dos artigos é o papel das cidades e seus subterritórios como cenários, objetos e reflexos das negociações identitárias entre os diversos grupos sociais que ali circulam. Como escreve o professor Barberena, “refletir sobre os traumas de hoje é pensar sobre os traumas do transitar”. Assim sendo, problematizar o espaço urbano na literatura contemporânea é questionar a própria noção de espaço – do local ao global, passando pelo nacional – e, portanto de fronteiras, limites, possibilidades e cerceamentos da mobilidade e do trânsito. De que modo os recursos estéticos da forma literária dão vazão a esses fenômenos do contemporâneo? De que maneiras a literatura contemporânea se transforma pari passu com as transformações do mundo, num jogo de retroalimentação? Não há resposta para isso que não seja um devir: cada um dos artigos deste livro é como uma caminhada pelo espaço (urbano) da literatura brasileira contemporânea – e este, não custa lembrar, só vai se construindo à medida que caminhamos.
O caminho da Limiar pretende extravasar fronteiras – entre culturas, países, literaturas, áreas do conhecimento. Por isso, fazemos questão de organizar lançamentos internacionais das obras. “Das luzes às soleiras” foi acolhido na Embaixada do Brasil na França, em janeiro de 2015, e “Do trauma à trama” foi lançado em evento na Universidade de Santiago de Compostela, em janeiro de 2016. Além de integrar, nos estudos sobre a literatura brasileira contemporânea, autores e leitores nacionais e internacionais, a Limiar coloca em pauta a importância da interdisciplinariedade para o pensamento humanístico contemporâneo.
Com essa perspectiva de diálogos e trânsitos em mente, já está em fase de organização o terceiro livro da série, que deverá dialogar com a área das humanidades médicas.
Em breve mais informações.
Gostaria de adquirir dois exemplares de "Do trauma à trama". Comopodemos fazer isso? Obrigada!
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